[A Okupa Flor do Asfalto, um espaço libertário político e cultural situado
no Rio de Janeiro está sob risco de despejo. No dia 21 de junho último o
local foi "visitado" por uma autoridade judicial com um mandato de
reintegração de posse do imóvel. A seguir uma nota da okupação.]**
*Comunicado:*
A todxs companheirxs, a todxs as flores e espinhos…
Copa do Mundo em 2014, Olimpíadas em 2016, o Rio de Janeiro se prepara para
novos negócios, novos empreendimentos. A cidade dos contrastes precisa de
mais máscaras que escondam a miséria, a desigualdade, a injustiça. Primeiro
passo: tirar o povo pobre do centro. As formas não têm escrúpulos nem
medidas. Podem ser o desalojo de ocupações, incêndios misteriosos (como o
ocorrido no camelódromo na Central do Brasil e em tantas ocupações e
comunidades), choque de ordem¹,o controle social é reforçado, varias favelas
da zona sul e centro foram escolhidas para serem dominadas pelas UPP's²
(Unidades de Polícia “Pacificadora”) e na zona portuária nos deparamos com
um projeto (porto maravilha) de “revitalização” onde os interesses
econômicos falam muito alto: construção do maior aquário da América Latina,
prédios de 50 andares, bancos, museu, estacionamento para iates, e uma
variedade de excêntricos investimentos. A realidade atual do lugar é outra
muito diferente, mas estamos sentindo na pele estes processos. Em meio a
região que figuram estes megalomaníacos projetos se encontra nossa okupação
(“Havia uma Flor no meio do caminho. No meio do caminho havia uma Flor”). Um
espaço de 2500 metros quadrados, que está dividido em duas partes, uma na
qual moram mais de 20 famílias e a outra onde se encontra um espaço
anarkista auto-gerido chamado Flor do Asfalto, que existe há quase 4 anos.
Além de funcionar como moradia de individuxs de afinidade, se desenvolve
como espaço cultural. Muitos eventos, oficinas, trocas de idéias,
aconteceram e continuam acontecendo. Existe uma biblioteca, oficina de
serigrafia, um herbário, atelier, oficina de bicicletas, uma pequena
agroflorestas com uma média de 70 espécies (algumas em extinção),
cooperativa de alimentos, cozinha comunitária e outras coisas mais.
No dia 21 de junho de 2010, segunda-feira, recebemos a visita de um oficial
de (in)justiça, que chegou com um mandado de reintegração de posse (com um
mês de prazo) destinado a uma empresa de arquitetura que há muitos anos
atrás funcionava no local, se deparou com famílias, crianças e indivíduxs
que aqui vivem e percebeu assim que não havia empresa alguma para desalojar.
A questão é que agora esta informação precisa chegar as mãos do juiz, da 27ª
Vara Cível Federal, e dele dependerá a decisão de emitir a ordem de
desalojo. Podem ser semanas, meses, como pode acontecer a qualquer
momento... é muito incerto.
Sabemos também que a situação pela qual estamos passando não é isolada, ela
está contextualizada numa realidade onde os interesses dxs ricxs são os de
maior peso, e outras ocupações da região e centro já passaram ou estarão
enfrentando o mesmo problema.
Acreditamos que a força e a solidariedade entre xs não privilegiadxs, o
apoio mútuo, são as nossas armas fundamentais!
Toda okupação é uma barricada!
Morte ao Estado, Viva a Anarkia!
Flor do Asfalto resiste!
Mais infos: flordoasfalto@bol.com.br
[1] Choque de Ordem - Política de “limpeza” social levada a cabo pela
prefeitura do Rio de Janeiro que inclui a repressão a vendedorxs informais,
moradorxs de rua, e o desalojo de ocupações e comunidades.
[2] UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) - Destacamentos da Polícia Militar
que estão invadindo e se fixando em um número crescente de favelas com o
objetivo de ampliar o controle do Estado sobre a população pobre e favelada.
*agência de notícias anarquistas-ana*
quinta-feira, 1 de julho de 2010
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